O homem de barro

O viaduto ganhou alma e passou a ser morada

Seu habitante não é apenas mais um

Tem aparência incomum

As longas vestes, a pele, os cabelos

são tão ocres quanto o chão em que se deita

Todos o vêem mas ninguém espreita sua solidão

Como se fosse uma entidade

ele não come, procura coisas

ele não dorme, apenas aquieta-se

Se dormir vira ser inanimado

e deixe de existir

Ninguém sabe ao certo quem ele é

Pode ser um maltrapilho

ou um nobre abnegado

Há quem diga que ele é um profeta

cuja escultura ganhou vida

Muitos afirmam que se trata

da exata tradução

da loucura de um poeta

Maria do Carmo Fraga (Mariana Mendes)
Enviado por Maria do Carmo Fraga (Mariana Mendes) em 06/08/2019
Reeditado em 24/06/2024
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