Ato de Liberdade
As paredes em volta
Abrigam corpos, e historias
Que talvez nunca venha à tona
Mas por mais que estejam privados
Não deixam de dizer ao mundo
O quanto ainda sonham
Na mente lembranças
E memorias que jamais
Vão esquecer
A saudade aperta
E as lagrimas já não podem conter
Nesse mar de tristeza
As vezes a única saída
Se encontra numa pequena ilha
Nada trás mais felicidade
Do que receber depois de um tempo
A visita da família
O abraço de um pai
O amor de uma mãe
O sorriso de uma filha
Faz desaparecer naquele instante
A frustração e a solidão
Da medida socioeducativa
Sentenciados eles compreendem
O sentido real de causa e efeito
Quando percebem
Que só depois de privados
São garantidos os seus direitos
O acesso à saúde, cultura, educação
E até mesmo o respeito
E por mais que pareça improvável
Privados em muitos casos
Conhecem o afeto e o apreço
No combate ao racismo
E sistema falido
Eu estou munido de arte
Poesia como instrumento
De transformação
E ato de liberdade.
Evanilson Alves