Negros Gatos
Noite de clima ameno
a lua clareando em torno das núvens,
que correm apressadas pra mudar de lugar
bonito de se admirar.
Admirar é praqueles que tem tempo,
que não precisam olhar suas coisas
jogadas no canto da praça
pra ver se um inimigo vem te atacar.
Como gatos negros, desprezados
imperceptíveis, caminham, vagam.
De olhar desconfiado, meio assim de lado
caminhando com dificuldade
magros, sofridos e judiados.
Morar na rua não é pro fraco
tem que ser negro gato
de pêlo arrepiado pra afastar o mau olhado.
A calada da noite é fria, é gelada e dolorida,
na bebida se encontra companhia
e talvez até uma risada.
Mas quando a brisa passa, vem a depressão
de uma alma agoniada.
Prisioneira de um vício, viciada na prisão
prisão de não saber quem é
talvez não aceitar o que já foi.
Eles seguem assim, negros gatos
todos parecidos na madrugada
de olhos arregalados e pêlos arrepiados.
Na esperança que em meio a multidão
Deus que lhes recolha e traga-lhes uma direção.