Galiambo ao camelô
Sobre a rua quente, andam, com calor, vários camelôs,
Todos eles gritam livres, amiúde, “abalou Bangu!”.
As calçadas sempre lotam, “Vem que vem! Caminhão virou!
Tem pra todos, tem pra todas; tem do rosa e também do azul”.
Chega perto um certo jovem, barba baixa, pesquisador,
Olha atento tudo à volta, quer ganhar uma promoção,
Para, enfim, e fica olhando: “Quanto custa a maçã do amor?”,
Prontamente, um homem ímpio: “Três por dez, tá na tua mão”.
Mas existe o Sol furente, comandado por um pastor.
Queima tudo, até cliente, basta a tenda ser ilegal:
Quem não paga imposto sente pena imposta por impostor,
Bairro bom, Bangu fervente, sofre drama municipal.
Quando o Sol atroz alerta que pretende causar pavor,
Na labuta, alguém esperto faz aviso à população:
“Olha! Olha, vindo em frente! Dia duro e devastador”
Ó Mercúrio, bom parente, cuida bem dessa geração!
É o rapa, rapa tudo, é o Sol a portar furor,
Aos quarenta graus, abate vendedores em frenesi,
Que percorrem vias vastas. Aflição de trabalhador.
Ó Mercúrio, barba baixa, mostra a força que há em ti!
Jovenzinho, deus astuto, não falhava ao ganhar missão,
Degustando aquele fruto, que comprou e levou na mão,
Protegeu do Sol os filhos que clamaram por redenção,
Mas o astro rei do brilho foi fatal ao ateu varão.