Liquidação

A carne está exposta.

Há muita massa e curvas nas telas...

Em prateleiras cerebrais vazias,

que não sabem dizer nada

- são meras exposições.

Há clientes, é verdade.

Que observam, desejam.

Que pagariam caro

por uma pitada da carne fresca.

As telas mentem.

As lentes enxergam demais...

E tudo que o falo sente,

sem a essência invisível,

que o faro não capta,

depois da cópula se desfaz.

O apego à carne vira carma.

A prateleira,

depois da cama,

torna-se o sepulcro das lamentações.

E o efêmero,

que não fortifica a alma,

clama no desespero da desilusão.

Nijair Araújo Pinto
Enviado por Nijair Araújo Pinto em 12/07/2019
Código do texto: T6694202
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