Trabalho escravo
E cava, e cava, e cava o chão baldio,
e cava, uma vez mais, e outra mais...
Mais uma enxadada, meu rapaz,
que a terra, logo-logo, entra no cio!
Menino de dez anos (talvez mais),
imberbe, mal nutrido e vadio
a calejar as mãos um assobio,
a pisar nos estercos dos currais.
E cava, e cava, e cava o chão pisado
pelos pés do vaqueiro e pelo gado...
E cava, inda que cave bem ou mal...
Menino de dez anos (talvez menos),
de ombros calejados, tão pequenos,
cava a cova, que é sua, afinal.
Pois há de ter um dia, pelo menos,
um padre a seguir seu funeral.
E cava, e cava, e cava o chão baldio,
e cava, uma vez mais, e outra mais...
Mais uma enxadada, meu rapaz,
que a terra, logo-logo, entra no cio!
Menino de dez anos (talvez mais),
imberbe, mal nutrido e vadio
a calejar as mãos um assobio,
a pisar nos estercos dos currais.
E cava, e cava, e cava o chão pisado
pelos pés do vaqueiro e pelo gado...
E cava, inda que cave bem ou mal...
Menino de dez anos (talvez menos),
de ombros calejados, tão pequenos,
cava a cova, que é sua, afinal.
Pois há de ter um dia, pelo menos,
um padre a seguir seu funeral.