INDIGESTÃO
 
Somos gente nessa cidade
Resto de comida entre os dentes
Nos dias de febre e mastigação
E tudo o que resta é mera trituração
 
E há quem diga que devemos ir
Sempre para a linha de frente
Onde a morte sopra rente
Ao nariz frio, ao coração quente
 
Somos gente nessa (in)digestão
Insetos em volta da luz
Em busca de iluminação
Enquanto a engrenagem rasga
O sonho que ofega sobre o chão
 
E há quem diga que é ilusão
Tentar fugir do ácido e da sílica
Que cintila no pulmão
 
Que a cidade é o nosso paraíso
E que não há nenhum prejuízo
Se a gente de mão que se caleja
Boceja sem o sabor do pão


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Cláudio Antonio Mendes
Enviado por Cláudio Antonio Mendes em 14/06/2019
Código do texto: T6673022
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