O homem pós-moderno
O homem romântico,
O que ele diria sobre suas musas desvirginadas aos treze anos?
O que ele faria diante das Senhoras que dizem amar seus maridos,
Mas saem todas as noites para dormir com outros?
O homem romântico se contorceria,
Seus gritos não seriam ouvidos por tímpanos humanos,
Mas a expressão de seus urros pode ser expressa pela guitarra
Dos ultra-românticos, que o entendem.
E o bom selvagem?
O que ele diria sobre o sofrimento de seus irmãos?
“Dizem que não existo”, diz o bom selvagem.
Mas na verdade ele existe dentro de nossos corações.
Quando, porém, o coração está sujo pela fuligem das cidades
Ele não consegue sentir suas próprias palavras,
Torna-se igual ao homem atrás das grades,
O barulho dos motores torna sua consciência surda.
As grades não aprisionam mais apenas o bandido,
Elas nos aprisionam todos,
Sob o pretexto de proteger-nos
Mata-nos enfurnados em nossos recintos.
O que diria a vida sobre a morte,
Que paira constantemente sobre nossas cabeças,
Pois não nos esqueçamos das guerras que se espalham mundo afora,
Cujas conseqüências incluem a perna mutilada que a criança acidentada não sente.
As bombas todas são um furo no sorriso de nossas crianças,
São sentidas por todos nós,
Que não podemos acompanhar a dor dos inocentes atingidos pelas [guerras,
Mas o sistema nos acorrenta a protestos impotentes, pois assim [pensamos que são.
E os pobres vão sendo manobrados em massa,
A vida deles é contestada em existência,
Existe uma causa para a poesia,
A literatura como filosofia aqui entra,
O ser humano comum existiria onde?
Mas a luta é diária e constante,
O meu choro vem dizer da esperança,
Quando o mundo será salvo,
O homem é igual a todos os homens comuns cuja ignorância não o torna alienado,
Ao menos não totalmente.
Nós somos esse homem com o qual nos identificamos.
Não te esqueças que ele também sente.
H. P. Simões