CHORO DO AVIÃO

O canto de minh’alma é triste quando vejo o Rio de Janeiro

Como lembrar o Tom do samba e não sentir saudades?

Muitas e múltiplas, reveladas em sonhos pueris

Destruídos pelas misérias de hoje.

Sonhos de um Brasil carioca, de amor livre, sem preconceitos

Capital cultural! Cheio de bossa!

Onde jovens guardas perdidos

Abraçavam baianos novos,

Novíssimos na dor da opressão primeira

Suportada pela esperança de um novo país.

Sonhos adolescentes cortados com cerol

Em subterrâneos fétidos de condomínios de luxo

Onde a podridão desfila no esgoto da crueldade.

Tramaram do alto a morte de nossos meninos e meninas

Sei... de cor e salteado...

De longe, a noite abriga em luz o teu passado

Do avião, vejo colares de luzes,

Caprichos de tua baía que em beleza agoniza

És Dama Dourada de Klimt,

Misteriosa lantejoula em avenida opaca.

Tudo parece igual, mas lá embaixo...

O Cristo chora,

A criança berra,

A mãe desfalece ao ver o corpo do filho morto.

O cidadão está no cárcere

Na passarela o samba passou...

Passou e precisamos relembrar a letra e voltar a cantar

Nem que seja o lamento do Navio Negreiro

Para do choro reconhecermo-nos coro

Carta, coração, oração, ação

Ponte em Rio que corre nas veias de todo brasileiro.

Stella Motta
Enviado por Stella Motta em 08/05/2019
Reeditado em 09/05/2019
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