CHORO DO AVIÃO
O canto de minh’alma é triste quando vejo o Rio de Janeiro
Como lembrar o Tom do samba e não sentir saudades?
Muitas e múltiplas, reveladas em sonhos pueris
Destruídos pelas misérias de hoje.
Sonhos de um Brasil carioca, de amor livre, sem preconceitos
Capital cultural! Cheio de bossa!
Onde jovens guardas perdidos
Abraçavam baianos novos,
Novíssimos na dor da opressão primeira
Suportada pela esperança de um novo país.
Sonhos adolescentes cortados com cerol
Em subterrâneos fétidos de condomínios de luxo
Onde a podridão desfila no esgoto da crueldade.
Tramaram do alto a morte de nossos meninos e meninas
Sei... de cor e salteado...
De longe, a noite abriga em luz o teu passado
Do avião, vejo colares de luzes,
Caprichos de tua baía que em beleza agoniza
És Dama Dourada de Klimt,
Misteriosa lantejoula em avenida opaca.
Tudo parece igual, mas lá embaixo...
O Cristo chora,
A criança berra,
A mãe desfalece ao ver o corpo do filho morto.
O cidadão está no cárcere
Na passarela o samba passou...
Passou e precisamos relembrar a letra e voltar a cantar
Nem que seja o lamento do Navio Negreiro
Para do choro reconhecermo-nos coro
Carta, coração, oração, ação
Ponte em Rio que corre nas veias de todo brasileiro.