NÃO SE CALA A VOZ DO HOMEM JUSTO
Não se cala a voz do homem justo na eira do tempo.
Testemunhas somos de uma história
difícil de ser contada sem lágrimas
a nos turvar os olhos e a nos entrecortar a fala.
Momentos houve em que pensamos grande.
Depois, o jugo dos homens indignos veio
nos apequenar e trazer o susto
para o lugar da esperança.
Muitos homens de ego e vaidade no brilho dos anéis
fizeram a festa, lançaram iscas.
Semeou-se a mentira, a cizânia e o medo.
Irmão contra irmão feito barcos se fazendo distantes
inda que estivessem remando no mesmo mar.
Mas o moinho da história haverá de triturar a mentira,
depurar o ódio e removerá a trave dos olhos cegos.
Por trás da casca da injustiça há um leve traço,
um brilho hoje opaco, embaçado, tênue, feito cinzas
que serão varridas pelo vento.
E surgirão as brasas que se acenderão em brilho de mil sóis.
Faróis da justiça jamais se apagam.
E enxergaremos através do escuro e do sombrio ,
olharemos para o passado distante – hoje tão presente -
com a certeza de que ele não mais nos assustará.
Muitos dias, nem sei quantos, talvez sejam necessários.
Um século, não importa.
Pois não silencia a voz do homem justo
na eira do tempo.
E no sopro do breve tempo, porém infinito,
este grito ecoará.
Curvar a cerviz, jamais!