Algoritmizados

Fui à casa de um amigo, sua mãe estava cozinhando e mexendo no celular. Sua irmã chegou, falou: oi, e se acomodou à mexer no celular.

Ele não conversou e eu não quis jogar palavras ao vento.

Passei por uma rua e tinha pelo menos duas pessoas falando alto nos telefones.

A vendedora de uma lojinha de roupas com os olhos na tela e o povo em sincronia. Não tinha clientes, nem ia chegar.

Um rapaz passou ouvindo música no fone de ouvido, e depois umas moças também, e depois um senhor digitando...

No metrô todos conectados, menos os velhinhos.

Um jovem com um celular tocando funk...

Encontrei uma conhecida no caminho!

De tanto deslizar os seus dedos na tela, ela quase não falou. Super normal.

Fui-me...pus a mão no meu bolso, no outro, procurando um celular, um aparelho qualquer... lembrei, não tinha.

Quem sou eu no jogo do bicho? Carne e osso com a janela da alma aberta.

Os algoritmos acertam, são nossos reais amigos modernos.