EU SOU A ÁRVORE

Eu sou tua paisagem,

Sou tua amiga...

Trago-te flores nas horas mais amenas...

Deixo-me tocar por teus apelos...

Quando a fome vier, dou-te o alimento;

Dou-te o remédio, e a sombra...

E o meu incenso...

Mas quando tombo ao machado,

Não me apresso...

Sou a chibata nos afoitos do progresso...

Dou asfixia aos avaros...

Enveneno a tua sala...

Não deixo a chuva cair;

Não deixo a água correr...

Não levo o canto das aves

Quando o dia amanhecer...

Dou-te o desespero e a fome...

Dou-te o deserto,

E a morte...

Geraldo Altoé
Enviado por Geraldo Altoé em 21/09/2007
Reeditado em 21/09/2007
Código do texto: T662113