O indigente
Eu vivi uma vida sem destino
Nada quis e nada fiz
Fui o vazio de minhas ações
Hoje sou velho, terminal
Minha doença me consome
Estou sozinho num asilo
Sou tratado como um bicho
Um mendigo enlouquecido
Sem amigos ou abraços
Não vejo sentido que há na dor
E este tempo é desengano
Sou um bispo sem igreja
Desengano pe o meu vil nome
Sou soldado sem a guerra
O que fiz não aplaudiram
Esquece-se, então, meu sobrenome
Sou ninguém, sem identidade
Um deserto sem oásis
A ingratidão me assassinou
Sem dinheiro, me humilharam
No canil eu vim parar
Minhas idéias se perderão no tempo
Serei só mais uma nuvem
Ninguém se lembrará do meu sorriso...