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meus olhos não são tão verdes
minha pele não tão clareada
meus cabelos não tão cacheados
minha barba nem bem aparada
não tenho aura dourada
meu rosto não é tão gravado
nas imagens e na consciência
a cruz que carrego mal vês
a dele, é onipresença
perambulo pelas ruas
transtorno que todos contornam
ele é venerado nos templos
nas adornadas igrejas
ou incrustado na crença
mas se ao olhar-nos nos olhos
confundes verdade e virtual
e o remorso corrói por dentro
não vou incomodar-me
se sacas do bolso o real
dá-me o troco de alento
se isso te faz a indulgência
a mim é da vida o sustento
o bastante de bró e de sal
Publicado no livro "poesia de segunda" (2011).