NUNCA MAIS

Eu sou mulher preta

Vim de um lugar

Considerado uma favela.

Hoje sou poetisa

E vim aqui te falar

Que agora não irei

Me calar!

Todos terão que me ouvir

Já me calei por muito tempo

Todos aqui terão

Que me engolir.

Suas piadas idiotas

Não vou mais

Fugir que não foi para mim

Muito menos fingir

Que não escutei.

E nem venha com seu psiu

Ei gatinha, sua gostosa, safadinha...

Pois aqui

Você não terá vez!

ESTOU CANSADA

Dessas cantadas baratas

Não tenho mais estômago

Para ouvir essas palavras

Que me deixa enojada.

Por muito tempo

Eu me calei

Me fiz de cega

Surda e muda

Só que agora eu sufoquei!

E nem venha me chamar

De nervosinha e ignorante.

Meu silêncio falou muito

E você fingia-se de cego.

Pois meu olhar dizia tudo

Você que não quis ver!

Então não se admire

Se na rua você começar

Com suas cantadinhas baratas

E eu para puta que pariu

Te mandar.

Desbocada eu?

Sem educação?

Meu queridinho

Eu suportei tanta coisa

Que você

Nem deitado aguentaria

Meça suas palavras

E mude seus conceitos

Se não for para me respeitar

Nem venha pra cá

Com seus lamentos.

Não tenho tempo

Para macho escroto!

Quando na rua

Com meu short curto

Eu passar

Não venha me taxar

Da forma que você quiser

Eu sei quem eu sou

E seus comentários não irão mais me definir.

Não me toque

Não te dei esse direito

Roupa não define caráter

Eu já te avisei.

E nem comece com seu

MIMIMIMIMII

Quando eu falo NÃO

Isso NÃO é charme

Então saia meta pé

E me deixa em paz onde eu quiser.

Ádila Conceição de Brito

Adi_di
Enviado por Adi_di em 04/03/2019
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