O VELHO NO ÔNIBUS
O homem no fundo do ônibus
Na última fileira
Tanto espaço ao seu redor
Será o seu fedor
Será isso que espanta aquela gente?
Ou será ele um animal fora da jaula?
Diante daquela cena montada
Assustado dei uma espiada
Era só um velho de rua
Com a roupa esfarrapada
Me sentei ao seu lado
Na poltrona amaldiçoada
Ele me contou uma piada
E as suas histórias da jovem guarda
De algumas não entendo nada
Pois sua língua está pesada
Outra noite de cachaça.
Ele se levanta apressado
Dispara dois xingamentos para uma mulher
E sai pela porta de trás.
Eu fiquei como o esquisito naquela história
Bem que eu desconfiava
Não sou eu nem o velho bêbado
Mas sim aquela gente espantada
Eles se igualam a escória.