O Beco do Cotovelo

A rua, como um braço que se dobra,

Traspassa o quarteirão angularmente,

Delgando-se em beco...e a sabida gente

De cotovelo chamou a tal obra.

Sem paisagem, sem linha do horizonte,

Arquitetonicamente tão pobre,

Não fosse "cogumelo", que o céu encobre,

Estranha-se ser de poesia fonte.

Porque nele desfilam tantas gentes,

Abundante se manifesta a vida:

Pessoas alegres, gente sofrida,

Tem esperançosas, outras descrentes...

Beco de lamúrias e de alegrias,

Da conversa fiada e vida alheia,

De cenas bonitas e, também, feias...

Assim caminha no seu dia a dia.

Tem diversão, barbearia e café,

Livros, cultura...circulam atletas,

Intelectuais e mesmo poetas...

No Beco da Sobral de Dom José.

Beco do Cotovelo tão plural,

Porque artéria, boca, vistas e ouvidos...

É cotovelo-corpo, alma e sentidos,

Por onde, incessante, pulsa Sobral!

Carlos Augusto Guimarães
Enviado por Carlos Augusto Guimarães em 24/02/2019
Reeditado em 16/02/2024
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