Distantes
Invisíveis
Olho, e não vejo quem cuide de mim,
Sou tão pequenino, franzino.
Luto sem saber lutar, instinto de aqui permanecer,
Sobrevivo, sem nem saber para que.
Percorro caminhos que não sei onde me levarão.
Vejo meus passos, cada dia mais largos,
E meus pés sofridos, as mãos doloridas,
A procura de carinho,
A procura de porquês!
Ao meu lado irmãos,
De olhos arregalados,
Com os corpos suados ainda ao amanhecer.
Observam-me, obrigam-me.
O trabalho, as feridas, o olhar entristecido.
Um brinquedo escondido,
Escondido no chão, ao alcance das mãos.
Não pode ser visto.
Como também eu não sou.
Sinto-me distante, de olhos e mãos!
De governos e os que se dizem cristãos, de reis e rainhas,
Prefeitos e governadores, artistas e cantores, e tantos outros nomes, mas eu mesmo, nem sei o meu.