Debaixo do Sol - Injustiça

Debaixo do Sol - Injustiça

Falei com meu coração essa manhã,

das coisas que tenho refletido, do peso desse mundo ferido,

das pessoas que passam e atravessam as estradas.

Vi que no lugar da justiça, há impiedade e enquanto escrevo,

os homens se embriagam em seu senso deturpado de poder.

Ao homem foi dado o conhecimento, para bem, crescimento,

mas fora de tempo, cresceu imaturo e agora o mundo jaz desse mal.

É de se admirar que entre caos e confronto, pela rua eu encontro

um negro de sobrenome, um gay de cabeça erguida, um oriundo a sorrir.

Sentimentos me afloram, perco o controle sobre a ansiedade!

Que tornou-se o homem de verdade? Tomou a posição de irracional?

Agora questiono se o conhecimento é vaidade, angústia da sociedade,

onde não há paz de espírito e o bem que se quer é uma redoma

em que os feridos se protegem, a fé os aquece, a esperança os aviva.

O meu coração também sabe que o opressor cheio de seu conhecimento

morrerá igualmente ao aflito, pois a morte afeta a todos.

E qual o resultado de tanto trabalho do homem,

se dos dias carrega dores, do trabalho carrega tristezas e

o seu coração não descansa à noite, quantos açoites!

Nessa hora eu gritei: abuso, abuso! Quanto mais se suportará?

E nisto há tantos caminhando por linhas de escuridão,

dentro do coração abriga marcas, magoás e desilusão.

O que é certo é que Deus dá o homem o que é bom,

conhecimento, sabedoria e alegria e fora disto, são suas más escolhas.

Debaixo do sol há remanescentes da esperança, da resistência,

inconformados com esse século, com a embriaguez da justiça.

(Dedico esse texto aos resistentes do Movimento Negro Evangélico em Pernambuco - MNE)

Victor Cunha

Victor Cunha
Enviado por Victor Cunha em 20/02/2019
Reeditado em 20/02/2019
Código do texto: T6579652
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2019. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.