Debaixo do Sol - Injustiça
Debaixo do Sol - Injustiça
Falei com meu coração essa manhã,
das coisas que tenho refletido, do peso desse mundo ferido,
das pessoas que passam e atravessam as estradas.
Vi que no lugar da justiça, há impiedade e enquanto escrevo,
os homens se embriagam em seu senso deturpado de poder.
Ao homem foi dado o conhecimento, para bem, crescimento,
mas fora de tempo, cresceu imaturo e agora o mundo jaz desse mal.
É de se admirar que entre caos e confronto, pela rua eu encontro
um negro de sobrenome, um gay de cabeça erguida, um oriundo a sorrir.
Sentimentos me afloram, perco o controle sobre a ansiedade!
Que tornou-se o homem de verdade? Tomou a posição de irracional?
Agora questiono se o conhecimento é vaidade, angústia da sociedade,
onde não há paz de espírito e o bem que se quer é uma redoma
em que os feridos se protegem, a fé os aquece, a esperança os aviva.
O meu coração também sabe que o opressor cheio de seu conhecimento
morrerá igualmente ao aflito, pois a morte afeta a todos.
E qual o resultado de tanto trabalho do homem,
se dos dias carrega dores, do trabalho carrega tristezas e
o seu coração não descansa à noite, quantos açoites!
Nessa hora eu gritei: abuso, abuso! Quanto mais se suportará?
E nisto há tantos caminhando por linhas de escuridão,
dentro do coração abriga marcas, magoás e desilusão.
O que é certo é que Deus dá o homem o que é bom,
conhecimento, sabedoria e alegria e fora disto, são suas más escolhas.
Debaixo do sol há remanescentes da esperança, da resistência,
inconformados com esse século, com a embriaguez da justiça.
(Dedico esse texto aos resistentes do Movimento Negro Evangélico em Pernambuco - MNE)
Victor Cunha