"Um poema de rima sobre sociedade"

Água com óleo não se mistura

É a persistência da memória

Folha em branco não deveria ter rasura

Não são só quinhentos anos de história

Não sei pra onde vou, mas sei de onde eu venho

Estar cheio de tudo é me encontrar no vazio

O Brasil que eu quero não é o Brasil que eu tenho

Mas com o coração gelado minha alma não passa frio

Cada olhar atravessado é uma senzala em potencial

São muitas marcas e toda cicatriz ainda te parece pouca

Não é ultrajante pensar que o negro ainda é um escravo social

Afinal, o racismo sempre late sem abrir a boca

O preconceito roteirizado como normal

E o medo em suma

Tanto tempo pra curar tanto mal

E não cura porra nenhuma

Não é vitimismo parvo é só liberdade de expressão

Não é oportunismo falho é só o fervor da minha opinião

Já calaram minha voz muitas vezes no meio da multidão

Hoje eu calo a ignorância deles no dobro da proporção