Inabitável
Eterna festa paradigmática saudosista
Os dentes desconhecem o céu da boca
Incólumes sob uma premissa semilouca
Não dá espaço a um adendo niilista
Voyeurismo polissêmico neopentecostal
Translúcido, que em escombros habitam
Pois nas velhas égides é que tramitam
Regidos pelo suposto avanço tecnovirtual
Panopticalmente não há ponto cego
Tudo está registrado nessa esfera
Menos o sofrimento que dilacera
Pois não alimenta os “likes” do ego
ninguém se beija, Ninguém se fala,
Ninguém se toca, Ninguém existe
A única coisa que ainda persiste
é a velha solidão que apunhala
Com o argumento deboísta
Do carpe diem em latim
um novo passo rumo ao fim
é dado pela ignorância narcisista
Não é terna a distopia saudosista
A gente só conhece a alma pouca
Inertes sob a tristeza à queima roupa
É o que permite a sociedade egotista