Inabitável

Eterna festa paradigmática saudosista

Os dentes desconhecem o céu da boca

Incólumes sob uma premissa semilouca

Não dá espaço a um adendo niilista

Voyeurismo polissêmico neopentecostal

Translúcido, que em escombros habitam

Pois nas velhas égides é que tramitam

Regidos pelo suposto avanço tecnovirtual

Panopticalmente não há ponto cego

Tudo está registrado nessa esfera

Menos o sofrimento que dilacera

Pois não alimenta os “likes” do ego

ninguém se beija, Ninguém se fala,

Ninguém se toca, Ninguém existe

A única coisa que ainda persiste

é a velha solidão que apunhala

Com o argumento deboísta

Do carpe diem em latim

um novo passo rumo ao fim

é dado pela ignorância narcisista

Não é terna a distopia saudosista

A gente só conhece a alma pouca

Inertes sob a tristeza à queima roupa

É o que permite a sociedade egotista

Rangel Paiva
Enviado por Rangel Paiva em 23/01/2019
Código do texto: T6557185
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