Há um anjo morrendo...
Que saudades da infância,
Onde tudo era de brincadeira,
Onde o almoço surgia na sua frente de domingo a segunda feira.
Que saudades da terra do nunca,
que ficava Ali no quintal de casa,
Que aos 18 se transformou em garagem tinha uma caranga eu sonhava em transforma-la em um Camaro.
O que eu achava muito legal,
Aos 29 ainda não me perdoo por isso.
A dor de crescer é exorbitante,
Dói desde o primeiro estante,
Imagine,
uma tarde depois da escola,
já há algum tempo,
Você saiu pra jogar bola na rua de trás,
E isso não aconteceu nunca mais.
Assistiu o especial de Natal infantil na TV,
se emocionou,
Já no ano seguinte,
No mesmo evento se embebedou,
E assim foi deixando de ser criança,
Foi coagido a arranjar um emprego,
Poisé,
Queria um celular da moda,
Aquele tênis caro,
Ir aquele festival de música eletrônica da ora.
E nem viu mas passou a hora da vida fácil,
Perdeu o emprego , os cabelos por isso,
Teve que fazer um cursinho,
Trocou os gibis por grossos livros .
Veja bem:
Você até trocou de amigos.
Um segundo de silêncio por ter enterrado tudo isso.
E que quando vires você, uma criança crescendo,
Tenha certeza:
há um anjo morrendo...