Acordem e nos despertemos!

O capitalismo é a velha ideia da autonomia individual, da ontológica individualidade,

De um sistema que castra nossa segurança, liberdade, paz e fraternidade?!

Os capitalistas são os maiores criadores da onipresente hipocrisia?

E tudo eles fazem em nome dessa aleijada e ilusória democracia,

E anunciam um mundo melhor, uma vida melhor, mas são só quimeras e fantasias.

Vejam o progresso e o avanço tecnológico de nossas ações mesquinhas,

Vejam a felicidade compulsiva no consumismo que nos escraviza,

Tu já não estás satisfeito com o que ontem tanto exibias e tinhas,

Precisas de um novo objeto para mascarar o vazio de tua garrida vida?!

As indústrias e as grandes corporações te transformam numa marionete alienada!

Você sente uma necessidade psicótica em possuir cada mercadoria anunciada,

Você é um dependente químico das novidades tecnológicas propagandeadas?

Tua alma não passa de um despensa de produtos e mercadorias encaixotadas?

Vejam as enormes caravelas a explorar os oceanos e lugares desconhecidos,

Vejam os filhos nativos assassinados pela ambição voraz do poder.

Nações e famílias saqueadas para expandir a cultura dos enriquecidos,

E a história não registra todo o sangue derramado pelos adoradores do TER.

O dinheiro virou o grande deus há vários milênios nesse mundo,

As pessoas rezam, oram, matam, mentem, inventam guerras

Para aumentar seus patrimônios e lucros já tão profundos,

E a ganância do coração e dos olhos querem novas colônias e terras.

Veja a tua vida: nascer, crescer, estudar, um excelente emprego e salário,

Tua vida se resume a tal itinerário?

És apenas mais outra lucrativa repetição?

As mídias ditam e regem os comportamentos e ideais de teu coração?

As novas tendências da moda vestem e maquiam esse teu ser tão otário?

Minhas crianças tão uniformizadas como num campo de concentração,

Meus jovens controlados e isolados por artificiais interações e virtualizações,

Somos apenas fantoches de nosso próprio desejo de possuir e possuir mais?

Aonde está a caridade, a candidez das crianças?

O Lucro, a estabilidade e o status são o farol da esperança?

Troque os seus poucos e verdadeiros amigos por posses e estabilidade;

Troque as belezas simples e vitais da vida por diamantes e festividades;

Abandone quem você é, e beba as comodidades, a fama, e todas as banalidades;

Seja mais um produto rentável nas mãos do governo e da sociedade.

Teu trabalho honesto agora é a tua suprema gaiola em que vives e cantas;

Tua família mal te conhece, teus filhos já nem dialogam contigo;

Tempo é dinheiro, não perca tempo, logo esqueça teus raros amigos,

Esqueça teus princípios e valores;

tua vil humanidade a tudo desencanta.

Não pense, não crie ideias, seja uma máquina automatizada a todo vapor.

Fuzile teus sentimentos: para que emoções se o mundo todo é um covil?

Não questione ordens e leis; seja produtivo, só ame o que você consumiu;

Lembre que não te pagamos para filosofar sobre a essência do amor.

Assassinemos e envenenemos mais árvores, oceanos e vegetações inteiras,

Compremos o pouco tempo das pessoas e vendamos a quem der o melhor lance.

Vamos contaminar ainda mais os ares com combustíveis fósseis a todo instante,

Vamos infectar os fetos e as crianças com competitividades e cobiças traiçoeiras.

Do que adianta haver liberdade, se não posso nem mesmo ser quem eu sou?

Do que adianta oceanos de liberdade, se nossa integridade já naufragou?

E esse sol da liberdade em raios fúlgidos são apenas promessas e encenações?

Liberdade de pensar, de sentir, de ser e de se expressar são apenas ilusões?

O caminho da liberdade é uma senda de shoppings, supermercados e de modismos?!

O caminho da felicidade é essa falsa obsessão pelo prazer e pelo materialismo?!

Monarquismos, Feudalismos, Comunismos e a nossa república é uma outra faceta de fascismos?

O caminho da redenção é sempre se iludir, idolatrar e lutar por nossos politeísmos?!

Neste mundo cruel em que nós vivemos,

Vejam como é diferente a nossa sorte.

Só valemos por aquilo que nós temos,

Quem nada tem precisa lutar e ser forte.

O capitalismo sempre foi uma religião selvagem:

Uns tudo podem e outros não podem nada.

Alguns, com jato próprio, fazem viagens,

Outros vão a pé, e sofrem, pelas rudes estradas.

Onde estão os puros laços afetivos que brotavam nas ações das pessoas?

Onde estão as faces despidas de mentiras nesses rostos tão mascarados?

Onde está uma gota de ternura e de compaixão nesses corpos alienados?

Onde está o riso espontâneo de uma criança nesses adultos cegos e plastificados?

O Poder e o Dinheiro comandam os nosso grandes líderes mundiais,

Milhares de cidadãos enterrados nas valas dos engodos ancestrais,

E o cárcere do capitalismo aprisiona nossa liberdade com falsas aparências:

Por que desistimos de buscar nossas autênticas identidades e experiências?!

Ouviram do capitalismo novas mentiras e outros débitos redundantes,

Deitados em berços esplêndidos vivem nossos reis e comandantes,

E não ouvimos os gritos dos mendigos, dos doentes, dos trabalhadores,

Desse povo heroico, egoísta, lutador e tão pilhado o brado retumbante.

Vamos continuar enriquecendo esses cananhas do Executivo?

A gente vai engolir mais absurdos do poder Legislativo?

Nunca, pois somente pensamos nos rendimentos de nossos salários,

E eles festejam e te chamam no senado de "idiota útil" em teu obituário!

Você vai continuar sendo um joguete nos tabuleiros das indústrias;

Nos tabuleiros do governo com esse tua apatia tão conformista?

Continuarás sendo digerido e consumido por esse sistema homicida?!

Por esse sistema que te viola, te engana, te humilha e com hipocrisias te escraviza?

Não somos uma alcateia de sistemas programáveis e deletáveis;

Não somos uma manada de entretenimentos controláveis;

Não somos meras ferramentas que depois são substituídas,

Não somos esse esterco de sistema maldito que sucumbe as nossas vidas.

Vejam além das mansões luxuosas, dos carros conversíveis, de seus empregos.

Do que adiantar ganhar o mundo inteiro e não encontrar a si mesmo?

Vejam além do que reluz, além de cédulas pintadas e de lucratividade...

O pôr do sol, um beijo, uma borboleta: quando buscarás a tua verídica realidade?!

Quando lutarás pela tua honra, pelo teu caminho e por tua veraz felicidade?!

Não é tarde ainda para que despertes,

Não é tarde ainda para amar, para viver.

Acorde! Encontre enfim onde te perdeste de teu ser;

Encontre o teu mar onde as ondas da tua alma nunca cessem,

Desabroche aquele jardim onde tuas flores e raízes nunca perecem.

Gilliard Alves Rodrigues

Gilliard Alves
Enviado por Gilliard Alves em 18/12/2018
Reeditado em 19/12/2018
Código do texto: T6530283
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