Doce feito fel

Estão desgastadas as luvas do tempo convicto;

Estão atrasadas as ruas do vento descrito.

O vento faz tombar o verde flamejante,

Que grita de dor no silêncio do outono.

Sulca a carne como uma lâmina cortante.

Rente ao solo ceifa-se sua vida,

Desperdiçada em movimentos repetidos à exaustão,

Que fazem cair dois corpos sobre a rubra terra.

É travada a guerra contra a vida,

É molhada a terra ainda ressequida.

Trilhas escuras, desertas, repletas de cor...

É o som da dor que grita ao vento,

Mas tão carecida é esta luta,

Que os cortes da carne,

Antes riachos repletos de cor,

Cicatrizam as marcas arranhadas nas pernas.

Valter Pereira
Enviado por Valter Pereira em 14/09/2007
Código do texto: T652750
Copyright © 2007. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.