O último ato
Arranjos para voos poéticos
22 de novembro às 00:52 ·
O último ato
Extinto o paraíso,
segue o perambular das almas penadas,
multidão em histeria coletiva,
automorte por observação estática
da ampulheta vida-tempo-vida,
até o último grão.
Arrastam correntes imundas
impregnadas de convenções sociais
sem nunca alcançar soltura.
O peso do jugo, do subjugo e prejulgo -
heranças da ambição ilusória de habitar o Olimpo;
Reviram o estômago,
veneno injetado no corpo
(não era alimento?);
Amargam desolhares internos;
Ressentem o céu e o sol que não viram;
Autoflagelam-se em culpas;
Lamentam a entrega intensa às coisas
e o olhar alheio à essência;
Condenam-se por imbecilidade:
Um dia foram cordeiros
e serviram em tabuleiro
o punhal de abate ao carrasco.