LETRAS DO TESOURO
Minha pele,
Apólice do reino, do império
Que tento descontar na república.
Descrita por um segundo no primeiro hino
Mas sem fé pública.
"Nós nem cremos que escravos outrora,
Tenha havido em tão nobre país".
Derme.
Antropomórfico códice de cicatrizes,
Interpretação da luz;
Maior órgão, punho, sangue e coração
Desdenhadas juras tatuadas
Na palma, no corpo todo,
Lindando meu eu
Com o seu.
Publicado em Cadernos Negros 33
Quilombhoje - São Paulo - 2010
Página 106