Cortinas.

Cortinas

Pendem majestosamente

Por sobre as minhas janelas

Aquelas que de vez em quando se abrem

E que às vezes vedam meu olhar à esmo

A seu bel prazer

Completamente soltas e concretamente absortas

No controle daquilo que nós mesmos

Podemos ou não saber

Acerca da vida da gente

Cortinas que se sobem finas

Pra depois quedar pesadamente

No seguinte instante

Assemelhando-se ao véu da noite

Enluarado Céu

O semblante do outro lado

da Lua

Finalmente é revelado

Escondendo assim os rostos

das pessoas cujos passos

Eu ouço vir lá da rua

Em plena madrugada

Cortinas que se fecham

Pro teatro milenar da vida

Onde a imensa maioria das pessoas

Não diz

e nem quer dizer nada

Quase todas escritas a giz

Mas as flores são sempre aplaudidas

E as dores, eternamente repetidas

Porque sempre existe os que não as entenda

ou cultive a ideia de que sejam lindas

Avermelham-se os horizontes

Em pores-do-Sol sem iguais

Subterfúgio do destino

Inato esconderijo

Oculta o momento exato

Que termina a vida

Seguindo cegamente em direção

Ao momento em que somente

A mão do destino descortina

O tecido muito fino

Carregado de mistérios

Determinada a cumprir

A cada um conforme a própria sina

Assim pendem, sublimes

Por sobre as janelas que escondem

A cada enredo e próximo ato

Apagando luzes aos segredos

Que a muitos arquitetos

Nem chegam a ser assim...

Secretos.

Edson Ricardo Paiva.