ESPECTROS NA ESQUINA
Encontro na esquina
Os espectro na calçada
Homens e mulheres
Vidas despedaçadas.
Sim, estão ali
Mas são tão invisíveis
Que ninguém se aproxima
Para dirigir um bom dia.
Alguns talvez tenham pena
Outros devem julgá-los,
Mas a maioria nem ao menos os percebem.
São zumbis embriagados
Sujos
Rasgados
Jogados na calçada.
Rasgados não somente os trapos de roupas
Mas sobretudo a alma.
Mas quem se lembra dos seus sonhos?
Sim, um dia sonharam
Mas já nem se lembram mais
Espectros
Zumbis
Sem lar
Sem amor
Sem paz.
Quem são esses homens e mulheres “presos” na esquina?
Desfalecidos da memória
Não irão para a História
Quando muito viram estatística.
Ou serão enterrados com aquela placa sinistra que diz:
Aqui jaz um infeliz indigente!
Sem nome
Sem identidade
Que passou pela vida
E nem ao menos foi tratado igual gente.
JOEL MARINHO

IMAGEM DISPONÍVEL EM: https://jornalmontesclaros.com.br/2014/11/05/brasil-n%C3%BAmero-de-indigentes-no-brasil-aumenta-pela-primeira-vez-desde-2003/