Segregação
Segregação
Estava passeando pela rua
Quando um pedinte me abordou
Implorando por ajuda...
Informei que no momento nada
Poderia fazer e sem nada a oferecer
Então perguntei: Quem está no comando?
Ele sem entender ainda conseguiu responder:
Deus, porque ainda me dá abrigo espiritual.
Segui meu caminho e encontrei uma criança
Toda maltrapilha e com um olhar totalmente
Sem esperança... Sorrindo me pediu algo
Para comer e ainda sem nada ou com medo
Do que oferecer, perguntei: Por que não está
Na escola? Ela ficou receosa, mas respondeu:
Deus não deixa eu me perder, aprendo tudo.
Cada vez mais confuso e seguindo a estrada
Que nem sei a que caminho vai chegar
Encontrei uma senhora aos prantos
Preocupado com aquele lamento sufocante
Perguntei: Em que posso ajudar?
Ela disse: Agora nada mais... Acabo de perder
Meu irmão de dezessete anos de idade
Para uma bala perdida e considero isso
Pura maldade, um jovem tão cheio de vida
Com certeza poderia de algum modo esse
País mudar...
Indaguei novamente: Ainda quer ajuda?
Não... Respondeu ainda em lágrimas
Deus será nosso conforto e um dia quem
Sabe, iremos nos encontrar.
Depois de tanto andar, parei e sentei
No banco de praça para refletir sobre
Tudo que vi...
É lamentável ver tantas pessoas que
Moram sobre o mesmo manto protetor
De uma nação, sofrer com tamanha
Aberração...
Sofrimento de norte a sul, choros incansáveis
O futuro sem educação...
Não me importa se existe uma “Esquerda”
Ou uma “Direita”.
São vidas em perigo e ainda temos
A ousadia de cantar o Hino Nacional
Quando rostos desconhecidos nesse País
Passa mal e não tem uma raiz social
Que lhe sirva de legado...
Somos gados e ovelhas sem pastor
Não me importo se esse poema
Deixou de oferecer uma rima... Eu só queria
Entender por que ainda falta amor
Nessa terra tão rica e desolada?
Deixando sua população em total
Segregação com uma existência abandonada.
Fernando Matos
Poeta Pernambucano