UM OUTRO RIO

Da minha janela

Viajo em caravelas.

E deslumbrado só vejo belas imagens.

O Pão de açúcar e a bela Guanabara.

Mas na chegada ao porto sem canção,

Sangue de negros entornando em suas águas

Até então, ingênuas e imaculadas.

Sinto difícil neste instante imaginar

Qualquer canção que retrate em versos líricos

A face horrenda da escravidão.

Quando desperto ainda vejo triste

Muitos mendigos dormindo pelas ruas

Então constato nesta realidade crua

Que a indiferença é mais visível que a beleza

E que nem mesmo a exuberante natureza

Pode esconder triste presença da tristeza

Gilberto Stone
Enviado por Gilberto Stone em 30/10/2018
Reeditado em 14/11/2018
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