Povo Embretado
De cá pra lá
De lá pra cá
Como gado ao sacrifício
Num coletivo entulhados
Trabalhadores cansados
Exalam o odor do ofício
Doentes de corpo e alma
Entre preces, dores e espera
Desfiando seus rosários
Desistem da quase vida
Em morredores precários
Crianças, precocemente
Perdem a sua inocência
Violados seus direitos
Sem pudor e sem respeito
São jogadas à própria sorte
Numa escola indecente
Que transpira violência
E desensina a ser gente
O crime rolando solto
Nas ruas e na cadeia
Cidadão pagando impostos
Do feijão de cada dia
Pois bandido é prioridade
E quem vive com decência
Tem de bancar a estadia
Enquanto isso os políticos
Com sarcasmo e hipocrisia
Mergulhados na sujeira
Brincam com a democracia
E o povo embretado
Na busca de ser feliz
Ignora qual futuro
É o pior pro seu país