OUTRA VOZ

OUTRA VOZ

era sonho sem dono

era silêncio sob máscara de macho

cobrindo a fêmea

era sombra gasta que o corpo quebrado

afasta

escravo do poder utópico

nascido completo

em parte vive feito verme sem jeito

crescido carrega a dor dobrada ao meio

água não lhe mata a sede de ser o que é

nem Maria, nem José

a bicha aparece ou desaparece

não importa

o menino ferido por dentro atiça

o feminino fragilizado

e vira chacota na língua do masculino

por dentro o feminino devora

sob a pele de macho

a bicha ri, requebra e chora

joga na cara da sociedade

a liberade de ser

do corpo nascido homem

nem fêmea, nem macho

tudo junto nesse sonho sem dono

a bicha mostra a obra prima

além da forma

vale desver o de fora

contraler o de dentro

ouvir a voz

que sente no centro do que não se diz

dessa mágoa que nunca foi nova

e que dela somos todos, o eterno aprendiz

Mírian Cerqueira Leite

Mileite
Enviado por Mileite em 24/09/2018
Código do texto: T6458516
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