OCOS DE PÃO E PÁTRIA
Ocos de pão e pátria
(Para Ferreira Gullar)
Através de meus meninos
Cheguei mais perto de ti
Entre camas, canas
e canaviais
Entendi a minha missão.
Naquele trem
Da janela
Alarguei o meu olhar
Compreendendo a urgência da
palavra que
antes de ser proferida
É efêmera
Matéria já putrefata
transmutando- se
nas dobras do tempo.
E, na parte que me cabe,
Sei que a pena vale a vida
Na voz multiplicada
Língua
Mãe
de cada pequenino
oco de pai, pão e pátria
Fuzil no peito
arrombado pelo mundo
Agonizando a saudade de um país
que nunca existiu.