OCOS DE PÃO E PÁTRIA

Ocos de pão e pátria

(Para Ferreira Gullar)

Através de meus meninos

Cheguei mais perto de ti

Entre camas, canas

e canaviais

Entendi a minha missão.

Naquele trem

Da janela

Alarguei o meu olhar

Compreendendo a urgência da

palavra que

antes de ser proferida

É efêmera

Matéria já putrefata

transmutando- se

nas dobras do tempo.

E, na parte que me cabe,

Sei que a pena vale a vida

Na voz multiplicada

Língua

Mãe

de cada pequenino

oco de pai, pão e pátria

Fuzil no peito

arrombado pelo mundo

Agonizando a saudade de um país

que nunca existiu.

Stella Motta
Enviado por Stella Motta em 16/09/2018
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