O TRICÔ DA VIDA

A cabeça pesa como um guindaste
Águia obesa sobre galho fino
E as mãos, os pés, as pernas, inteiros
Cortando o ar como se houvesse baile
As paredes trincam
E no tricô da vida
Sou apenas um fio
 
O destino em seu desatino
Anda tecendo...
Anda tossindo...
Escarrando dentro de nós
A maldita desilusão
 
Caindo em precipícios famintos
Fugindo das armadilhas
O vento rente ao rosto sussurra desesperos
De quem não suportou a degradante espera
E viu o câncer da desesperança
Corroendo lhe a carne e a alma
 
Saindo de casa para habitar o mundo
As calçadas, as caixas de papelão
A paisagem urbana e tão desumana
E ali me encontro com a nudez da verdade
E não há justiça certa ou errada
Apenas homens e mulheres em batalha
 
O segredo está bem guardado, grudado
Na pele, no suor, no odor de sangue seco
A efervescência da dor queima e oxigena
A degradação constante entre miragens

 
 
Cláudio Antonio Mendes
Enviado por Cláudio Antonio Mendes em 04/08/2018
Código do texto: T6409057
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