Moderna Idade
Carros apressados
Passos parados
Todo mundo sorrindo
O mundo caindo
O novo programa
Ninguém ama
Telas maiores
Dramas menores
Milhares de estrelas
Sem ninguém vê-las
Tudo é comédia
Voltou a Idade Média
Vamos votar conscientes
Em projetos dementes
Quem é que manda?
Mate o urso panda
Não há problemas
Apenas dilemas
Uma nova linguagem
Putaria e sacanagem
Eu quero ganhar
Custe o que custar
Enquanto tudo roda
Namastê moda
Vamos ser chiques
Não esqueça dos chiliques
A culpa não é nossa
Atearam fogo à palhoça
Agora tudo é ritual
Não há bem sem mal
Favor esperar na fila
Por uma morte tranquila
É só mais um beijo
Enxergo tudo e não vejo
É só mais um toque
Cuidado pra não dar choque
E se arde a testa
Tudo não passa de festa
Mataram o rei
Nem vi e nem sei
Tudo é um jogo
Há fumaça e fogo
Heil Money!
Maldito pônei
Eu quero briga
Vem cá amiga
Que assim seja
Dê mais cerveja
Como já dizia Bocage
Churrasco na laje
Como já dizia Rousseau
Quem nunca roçou?
Por incrível que pareça
Não sei onde pus a cabeça
Nem sei quem sou às vezes
Nem sei como são os meses
O relógio é só enfeite
Fique nu e deite
Mamãe quero ser eterno
Anote aí no caderno
Mano deve ser maneiro
Eu quero ser o primeiro
Não precisa ter afeto
Desde que seja discreto
Desde que não seja confuso
Se for idiota eu uso
É Bob Marley
É Fred e Barney
Estamos na América Latrina
É o que o lobo ensina
Carros apressados
Passos parados
Todo mundo sorrindo
O mundo caindo...
(Extraído do livro "Palavras Modernas" de autoria de Carlinhos de Almeida)