Manchete em Minha Mão
A cigana abriu a minha mão
e leu manchete interessante
Dizia que abaixo da linha da vida
e acima de qualquer suspeita,
não existe pessoa perfeita,
apenas a que sirva pra mim
A cigana abriu seu sorriso de ouro
e disse que nas entrelinhas do dia a dia
existem incontáveis tesouros
Enterrados bem embaixo de nossa pressa
Disse a ela que isso muito me interessa
A cigana abriu o seu conselho
enquanto ajeitava seu vestido
Me senti confuso em seu colorido,
minha mão suava entre as linhas,
entre tanto escrito que não tinha
A cigana abriu enfim a sua mão,
e no cume de seus calos deixei moedas
Agradeci a consulta que nunca marquei e
me afoguei de dúvidas e multidão
cheias de pressa, talvez, de sim e de não