Sinais
Bendito seja e bem dito foi
Foi a muito tempo atrás
Quando perdi os sentidos, pedi sinais
Vi no topo do monte sinai
Moisés com pai, que tinha ido comprar cigarros a 10.000 anos atrás.
Mais Buda, Alá, Olórum e seus Orixás
Selando um acordo de paz
Mas foi deturpado pelo esperto
Que levou o decreto
Ordenando amor apenas para si próprio e não aos demais
A lei foi selada pela diáspora
Tomando lugar de fala
E disse a vingança é minha
Mas foi pele cor da pele que o ferro fere
Sal grosso jogado pra cicatrizar a ferida
E disseram que a vida é uma corrida
Só venci uma vez, deram a dianteira ao burguês
E chamara de justiça
Justiça só pra uns, ditadura
Deve ser por isso que meu irmão é branco nos filmes
E O Auto da Compadecida é quase um crime
Beleza do mundo é vasta
Visão de quem enxerga rasa
Beleza negra não é aceita é tolerada, padrão globeleza
Que chama se for pra fazer bonito na pista
Mas de resto, minha tia preta só serviu pra fazer faxina
E os boy que tão estudando direito agora
Pra me pagar errado cada centavo suado por hora
E não é uma noite no Faustão
Que apagarão séculos de ingratidão
Mas é um começo, ver mano Bill honrando o gueto
Pragas, enfim liberdade Braga
Não me conforta dizer que todos temos um pé na senzala
Pragas, no mundo onde Braganças ainda condenam Bragas
Voltei a pedir sinais, me apontaram sinal da cruz
Tentaram exorcizar demônios
Achei foi cômico
Foi tipo minha mãe quando me dava a luz
Me soltei das amarras tipo mágica
Disse abra-k-dabra e K-dabra abriu, as mentes
Os boy não queria, mas era João quem dizia
Deus me dibre, da burguesia
Queriam cultura falada, foi Zere quem apedrejou, poesia
Foi um Jesus quem pediu, na rocha ele subiu
Meu povo merece e perece de amor
Concordei com Farck !
Disse verdades, Tá feio
Tá horroroso humanidade
Cês tão passando vergonha
Bate palma pra Pelé e passa a napa com Maradona e os boy em Fernando de Noronha
Fui procurar minhas histórias, só encontrei histórias brancas
Mas mano, a coisa tá preta agora
Carrego os meus na memoria
Me visto de noite, me visto pra noite
Sou muito samba pra ser fundo de quintal e me levem a mal se quiserem
Não vou dar moral
Sou menina veneno
Faço do mundo pequeno pra todas as minhas verdades
Sou vadia, mulher da vida, tô fudida mas sigo fudendo
Bato de frente com a vida
Venho bem mais que Salem
Tataraneta das bruxas que rogam por mim no além
Provarei que não tenho nada a provar pra ninguém
SOU GUETO, PRETO, RESPEITO
Exijo reparação aos erros fatais, morte aos falsos ideias, aos fardados do mato
E aos "bolsonaros" que tão coçando o saco, não levantem tua pica
Nem pros urubus eu jogarias tuas carniças e mais...
Mas isso foi a muito tempo atrás
Quando perdi os sentidos e ainda pedia sinais
Agora, peço PAZ.
07/2018
Regiane Abelha M. Nonato