O MURO DAS EXECUÇÕES
O MURO DAS EXECUÇÕES
Eram seis e pouca da noite quando a gente estava passando pelo muro das execuções
Ainda tinha as marcas dos fantasmas
As marcas do tempo
As marcas do silêncio
Logo depois ficava o cômodo com poucas camas
E ao lado, o deserto
Naquele começo de noite
Eu ainda não sabia que passaria um tempo ali
Sem água
Sem sol
Sem o doce olhar da minha mãe
Sem os acordes do violão do meu irmão
sem as páginas do Admirável Mundo Novo
Depois de passarmos pelo deserto
Entramos no planeta do esquecimento
Com sua atmosfera de medo
Seus armários de concreto, frios e imóveis
Suas camas vazias, forradas com lençóis incolor
Seu pátio
Sua chuva ácida
E sua sala dos horrores.