Zé Nordestino
Certa vez chegou em São Paulo um homem,
Seu nome era Zé Nordestino,
Chegou com mala, cuia e muita fé,
Buscando sorte em seu destino.
Zé Nordestino chegou com esperança e muita garra
Mas não chegou sozinho,
Carregava junto de si a mulher Maria e três filhos,
Zézinho, Mariazinha e Joãozinho.
Tamanho foi o susto de Zé Nordestino
Quando avistou tanta fumaça e tanta gente na cidade,
Então procurou, pra consolar,
Alguém que lhe desse boa amizade.
Até que Zé Nordestino encontrou alguns amigos,
Mas o que ele queria mesmo era um canto para morar
E isso ele não encontrava,
Já bastante cansado de procurar.
Zé Nordestino já sem nenhum dinheiro,
Encontrou um viaduto,
E por muito, muito tempo,
Ali tornou-se o seu reduto.
Se soubesse que o destino preparava-lhe,
Tanta dor e sofrimento,
Jamais teria abandonado sua Terra Natal,
Em busca da conquista nesta Terra de Cimento.
Sem saber o que fazer,
Zé Nordestino morria um pouco a cada dia,
Vendo sua família faminta,
Cada vez mais ele sofria.
Em suas caminhadas pela grande cidade,
Recebia propostas indecentes em cada esquina,
Mas Zé Nordestino estava disposto,
A enfrentar com dignidade a sua sina.
Não entendia também o povo confuso,
Nem porque o olhavam com tanto descaso,
Como se ele não fosse gente,
Quem sabe, talvez, fosse da vida um acaso.
Zé Nordestino bateu de porta em porta
Por um emprego implorou,
Mas as portas não se abriram,
Então, Zé Nordestino chorou.
No dia seguinte, acordou cedo
E disse, determinado, à mulher Maria:
--- Maria ! Vou catar lata e papelão,
Hoje eu volto com um pedaço de pão !
Dito e feito !
Deus o dia de Zé Nordestino abençoou,
Chegou a noite e estava todo feliz:
Um pedaço de pão Zé Nordestino comprou.
Hoje, Zé Nordestino continua a vender
Latas, papelão e dignidade,
Mesmo sendo discriminado
Por muitos, dentro da grande cidade !
Mas Zé Nordestino é mesmo um lutador,
E hoje , com alegria,
Alimenta e dá moradia à sua família,
com a bandeira de um vencedor !
Só contei a história de Zé Nordestino,
Porque ela é o retrato
De um povo sofrido e cansado,
De tanto ser discriminado.
Quem sabe possamos abrir nossos olhos
E entendermos suas histórias com o coração,
Nunca nos esquecendo que eles são homens
Dignos de respeito e muitos, de admiração.
Este poema faz parte do livro "Sonhos, Versos e Canela".