Borboleta
Acordaste fustigada
A noite foi exaustiva
Os sonhos não se realizam
Não podes reclamar
Não consegues mais voar
Dividida ao meio
De um lado almejas o jardim
A outra parte ambiciona o recreio
O céu está fechado
Não te recebe mais
O ar está poluído
Com recursos minerais
Esta guerra por petróleo
Traz dilúvios ao cacimbo
Quando chove tu não sais
Ficas presa à TV Zimbo
É de manhã e estás lá fora
O homem te quer apanhar
Estás famosa, sofres fotos
A intenção é te matar
Tuas asas estão pesadas
Cais nesse balanço
Não podes fugir de Angola
Porque o dinheiro é escasso
Sempre em frente, resiliente
Firme na caça às flores
O sol nasce deficiente
Com o brilho malfeitor.