Sobre as Gentes Superiores.

A coisa mais impressionante

Que se pode conhecer na vida

É a inteligência humana

Basta olhar pela janela

E lá se vê caminhando

Aquela alma arguta,

desprendida e astuta

Atenta pra toda malícia

Ciente

da própria inteligência adquirida

Nos livros, nas peças teatrais,

nas viagens, na poesia

...e no seu fácil dia-a-dia

Plenamente senhora

de tanta sabedoria

Que sabe aprender

com quem sabe menos

Ou que pelo menos

Em sua pretensa vivacidade

Essa pobre alma humana

Tem certeza que sabe mais

Conhece toda verdade

E demonstra isso a cada vez que diz

Não existir certeza de nada

Mas ela sempre sabe mais que o padeiro,

que o mecânico, que o vizinho,

sabe mais que seus próprios pais,

que o trouxeram ao mundo,

sabe mais que O próprio Deus

... e por isso tornou-se ateu.

Defensora das coisas corretas

Compromissada com a boa ideologia

Coisas que aprendeu nas conversas

Que teve com outras pessoas inteligentes

Que conheceu numa festa outro dia

Protesta contra todas as guerras

Mas jamais enfrentou batalha

Sabe todas as respostas

E gosta de apontar a direção dos trilhos

Porém .... não deseja ter filhos

E se algum dia teve, não criou

Apesar de não ter medo de nada

É contra qualquer ação violenta

desde que praticada pelos mais fortes

e tem certeza

de estar em favor dos certos

Não foge jamais à morte

de sorte que também não se arrisca

pra não ser preciso vê-la de perto

Sabe falar bem sobre tudo

E fala e fala e fala, contudo

Tenta estar bem com os dois lados

Quando estiver diante de ambos

Pois a lealdade nunca foi coisa importante.

Perante os erros da humanidade

A sua participação foi mínima

A sua autoria ou influência são anônimas

Pois esteve sempre um passo à frente

E a sua mente sempre acima

das gentes comuns e mundanas

A sua presença emana paz

Apesar de jamais ter acendido o fogo,

Perdido no jogo da vida

ou contado uma mentira por maldade

Enganou de boa intenção

pra obter o melhor resultado

Pois a luz e a verdade

Estiveram sempre ao seu lado

E como todo sábio que se preza

Conhece as orações, as ladainhas e as rezas

E se alguma coisa der errado

Se ajoelha, pra que a gente se espelhe nela

E a culpa será sempre sua

E também será minha

Pois a gente não deu atenção

Ás sua sábias elucubrações

E suas verdades de mentirinha.

Edson Ricardo Paiva.