Crepúsculo dos deuses

Perdoe-me se não concordares

Com o que irás ler de agora em diante.

Exalto a minha voz e clamo na madrugada.

Poderia estar dormindo o sono dos justos

Ou nas festas profanas em orgias e degradações.

Mas, estou diante da minha missão.

Bradar contra a ignorância.

Contra a tolice humana.

Quais tentáculos de um aracnídeo

Eles perfuram os cérebros dos incautos

E os fazem ser dominados e manipulados pelo sistema atual.

Em meu silêncio perturbo-me com o que vejo e ouço durante o dia.

Não que eu queira ser melhor do que ninguém,

Mas o ser humano perdeu a sua humanidade.

E o que é um ser humano sem humanidade?

Pior que os insetos e crustáceos que, pelo menos,

Respeitam sua cadeia alimentar.

Mas, o ser humano na sua ambição,

Ganância e hipocrisia solapam a esperança do último mortal.

Com fúria nos olhos eles estraçalham todos os sonhos,

Explodem os balões de oxigênios

Que poderiam perpetuar a nossa existência.

E o que fazer nessa situação?

Os deuses estão caídos no chão.

A poeira cobre os seus rostos desfigurados

E as pessoas dançam em volta de seus restos como zumbis.

Não há nenhuma percepção.

Não há saída para tamanho desespero.

E eu rasgo o meu coração na dor de ver

E ouvir essa ladainha o tempo todo.

Por que você não desperta desse sono mórbido?

Por que não dá ouvidos a sabedoria que brada nas praças

E avenidas sem ao menos ser notada?

Por que insiste em ser esse anencéfalo ambulante?

Por favor, pelo menos uma vez na vida

Dê ouvidos a voz da sua consciência

E saia desses emaranhados de coisas tolas

E supérflua que toma conta do seu tempo.

Não seja mais um escravo do sistema.

Liberte-se!

Poema: Odair José, o Poeta Cacerense