39 anos
Bateu o ponteiro do tempo:
Finitudes
Mas uma paixão grita cá dentro: infinitaaaaa
Assim gozo este momento
Dramática, disse um amigo
Irmã, disse outra
Dulcineia do andante
Flor de resistência
Eu só vejo o inatingível
Sem contornos, linhas sombreadas
Sem cortinas, vida escancarada
Só sinto a sede
Os momentos secam-me a boca
E ela se quer molhada de esperança
Para beijar os pequenos
Converso com Ricardo, o Reis do poeta
Não penso subjuntiva
Sinto, ouço, vejo e amo
Impero-me e resisto
Enquanto as porteiras batem
E o minuto passado adormece
Porque tenho sede
Daquelas que se matam mergulhadas
De boca escancarada e aberta no profundo dos rios
Não pare o ponteiro, não agora, não amanhã
Depois, talvez, depois da minha inundação
Então, diante da barca
Fugirei do três infernos
Soluçarei alucinações de poeta
Refrescar-me-ei na brisa dos moinhos
Dançarei no palco do além vida
Cantando para a física as notas de Elis
A metafísica fúria da mulher Bethânia
Finalmente, quando alinhar o ponteiro
A semente que plantei brotará
E bravíssima crescerá, disfarçada de dama
Queimarão, como agora, os campos
Brotarão os lírios nos cantos
E a resistência, essa beleza
Ainda será em nós...
(AlineCs, com vontade de gritar)