Respeito

Tempos confusos de muros e lágrimas

Maré alta que na ressaca quebra forte na encosta

Destroça tudo o que encontra pela frente, arrasa

São dias que clamam por maresia calma

Eu quero beijar aquele cara

Usar saia, me chamar Natália

Mas tolhem minha escolha

Estou numa bolha, sei que preciso estoura-lá

Olha…

Desejo ser magra, não ser zuada

Eu vejo mulheres belas

Me desespero, pois não sou pária

Quero…

Desejo ser branco do sorriso claro

Conquistar trabalho como o homem branco

Entrar nos clubes, ser bem chegado

Ainda é difícil nosso cotidiano

Penso…

O dia mais belo, não posso vê-lo

Sentir seu cheiro é o que me cabe

Ainda assim o que dá medo

É o desprezo pela minha dificuldade

Cego…

Ao querer loucamente falar com você

Para conhecer mais da sua vida

Nos deparamos com a dificuldade

Você não sabe usar a Libras

Surdo...

Trazendo os tempos de muros e lágrimas

Provoco em palavras a construção de pontes

A sociedade atual está muito faminta

Respeito é o alimento que mata essa fome

Bruno Henrique Reis
Enviado por Bruno Henrique Reis em 14/04/2018
Código do texto: T6308573
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