NOS ARREDORES DA CATEDRAL DA SÉ
NOS ARREDORES DA CATEDRAL DA SÉ
o pássaro piava em Dó Maior
o sino mudo só ouvia
ai céu que dor aguda é essa?
ai chão desempedrado de cascalho
rodopiando lixo no canto desafinado
do vento
ai vida que passa seca num risco de morte
severina
ou seria seringa?
e o tom baixo da tuba
tombando sobre a tumba
de qualquer José da rua
de qualquer Maria da esquina
ai sorte sem norte
batendo de porta em porta
quem se importa?
ninguém acolhe
ninguém abre
de puro medo do canto agourento
do pássaro da morte
Mírian Cerqueira Leite