NOS ARREDORES DA CATEDRAL DA SÉ

NOS ARREDORES DA CATEDRAL DA SÉ

o pássaro piava em Dó Maior

o sino mudo só ouvia

ai céu que dor aguda é essa?

ai chão desempedrado de cascalho

rodopiando lixo no canto desafinado

do vento

ai vida que passa seca num risco de morte

severina

ou seria seringa?

e o tom baixo da tuba

tombando sobre a tumba

de qualquer José da rua

de qualquer Maria da esquina

ai sorte sem norte

batendo de porta em porta

quem se importa?

ninguém acolhe

ninguém abre

de puro medo do canto agourento

do pássaro da morte

Mírian Cerqueira Leite

Mileite
Enviado por Mileite em 14/04/2018
Código do texto: T6308156
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