Eu quis ser tudo

Me tacharam de fria,

Fui tentar ser sensível,

Me chamaram de bruta, não lapidável.

Fui valorizar, os toques,

os abraços e as palavras.

Me acusaram de não ter sentimentos,

fui aprender a demonstrar.

Comentaram que eu era mulher

do mundo.

Também sei ser mulher do lar.

Mas na boca de alguns,

não, apenas uma boêmia!

Mal sabem eles, que eu sei

ser o que eu quiser.

Me condenaram a mais presa

e sobrecarregada figura que uma mulher

pode representar: a de mãe de todo o mundo.

Não! Eu só vou ser mãe de quem sair

do meu ventre, e só se eu quiser!

Não me entregue o fardo de cuidar

de tudo e de todos, eu sou um máximo,

mas disso eu não dou conta.

E entre encontros e desencontros,

me nomearam de louca, à toa, uma Cleópatra...

uma sedenta por diversão, um enigma...

Saber viver e ser, assusta!

Por isso, isso tudo não me assusta.

Enfim, disseram com o sorriso

mais sarcástico e natural,

que eu não gostava de ninguém

Também respondi da forma mais natural e bela:

"Amor próprio é tudo. Entendeu?"

Sua análise está torta. Eu sei amar.

Duvidaram da minha opção sexual,

por meio dos meus gostos nada

femininos ao molho convencional.

Certas coisas femininas mesmo não me agradam.

Não deixo de ser mulher.

Mas fui tentar ser mais feminina.

Aos olhos da sociedade

Fui tentar ser a mais completa das mulheres,

inclusive ser ousada em tudo, em tudo!

No fim de tudo, não fui tudo.

Apenas mulher, em todo o significado da palavra,

basta.

Gracy Morais

Caxias- MA, 21 de abril, 2016.