UMA ILHA

Porque me tornei uma ilha?

Tão fechado, na redoma,

Bem cuidado, protegido,

Como o cão daquela fábula.

Mas é tão bom a família,

Que nos cuida e até nos doma,

E o lobo da mesma fábula?

Enquanto o cão tem de tudo,

Em liberdade vigiada,

O pobre lobo esquelético,

Só liberdade e mais nada.

Mas não creio que alguém,

Nasceu pra ser uma ilha,

Limitando os horizontes,

Mesmo que seja a família.

Precisamos ir além

Talvez até do horizonte

Ampliando o nosso alcance,

Tentando romper limites

Buscando transpor os montes.

Nascemos pra ir além

E não fechar-se em redoma

Pois somos filhos de Deus

Que em tudo nos capacita,

Que nos deu o livre arbítrio

De errar ou de acertar.

O caminho do bem ou do mal

Somos livres para escolher

Só ao além do natural

É onde deus nos limita.

Dando assim satisfação

Onde estou ou aonde vou.

O que faço, ou que não faço,

Tendo hora pra chegar,

Tendo hora pra sair,

Relatando à família

Que controla o meu tempo,

Que monitora meus passos,

Numa constante vigília,

Prende-me a um forte laço

De carinho e de afeto,

Cercando-me de cuidados

E me mantendo nesta ilha.

CEZARIO PARDO
Enviado por CEZARIO PARDO em 27/03/2018
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