UMA ILHA
Porque me tornei uma ilha?
Tão fechado, na redoma,
Bem cuidado, protegido,
Como o cão daquela fábula.
Mas é tão bom a família,
Que nos cuida e até nos doma,
E o lobo da mesma fábula?
Enquanto o cão tem de tudo,
Em liberdade vigiada,
O pobre lobo esquelético,
Só liberdade e mais nada.
Mas não creio que alguém,
Nasceu pra ser uma ilha,
Limitando os horizontes,
Mesmo que seja a família.
Precisamos ir além
Talvez até do horizonte
Ampliando o nosso alcance,
Tentando romper limites
Buscando transpor os montes.
Nascemos pra ir além
E não fechar-se em redoma
Pois somos filhos de Deus
Que em tudo nos capacita,
Que nos deu o livre arbítrio
De errar ou de acertar.
O caminho do bem ou do mal
Somos livres para escolher
Só ao além do natural
É onde deus nos limita.
Dando assim satisfação
Onde estou ou aonde vou.
O que faço, ou que não faço,
Tendo hora pra chegar,
Tendo hora pra sair,
Relatando à família
Que controla o meu tempo,
Que monitora meus passos,
Numa constante vigília,
Prende-me a um forte laço
De carinho e de afeto,
Cercando-me de cuidados
E me mantendo nesta ilha.