Negros, somos todos.

Negros, somos todos.

Negros, somos brasileiros nas favelas e das favelas.

Negros, somos brasileiros que lutam contra tudo por sua própria existência, resistência de um povo vindo lá da senzala lamento de um choro, corpo sofrido surrado no estalar da chibata acorda pra mais um dia de labutas.

Era antes roçar os cafezais, cortar o canavial, esvaziar a latrina de vossa senhoria, ter seu corpo molestado, agredido e violentado por seus senhores da casa grande, coloca este negrinho insolente dependurado no pelourinho.

Negros, somos brasileiros arrancados de nossas matrizes, raízes ancestrais, doutrinados e subjugados a servir e se acaso rebela contra o sistema a ti imposto é logo abatido em praça publica, pois é o exemplo do medo de que outros ouçam sua voz, seu canto e seu grito de liberdade.

Negros, somos brasileiros agora no chão das fabricas sem direitos, cassados pela intolerância e ódio daqueles que nos teme a força desta gente que trabalha de verdade e grita das favelas por uma igualdade e mostra vontade de viver e ser livres.

Negros, somos brasileiros que não se deixam calar, que canta , grita e mostra a face preta surrada, abatida, maltratada nos corredores superlotados dos hospitais, sem saúde e sem médicos pra cuidar, negros somos cria das favelas subjugadas ao medo daqueles que temem a força desta gente honesta, que não se escondem por detrás de mascaras e nem discursos demagógicos.

Negros, somos brasileiros que ainda hoje vê seus filhos discriminados em suas escolas, suas mulheres terem seus corpos molestados, violentados, mutilados e suas vidas ceifadas, só por que são mulheres, sem direito a dignidade assim voltam os olhares para as favelas daqueles que do alto de seus poderes medíocres nos temem.

Fuzilem aquela negrinha isolente, pois ela ousou levantar a voz contra a casa grande, falou contra as senhoras e senhores dos grandes palácios, que direito tem ela de se por contra é só mais uma neguinha de favela, de cultura marginal.

Negros, somos brasileiros filhos desta terra, gerados no ventre de nossa mãe preta, guerreira, faxineira, lavadeira, passadeira, cozinheira, arrumadeira e de nosso pai preto, honesto, porteiro, servente de pedreiro, faxineiro, lavador de carros, gari, mas todos nos deram o valor do suor que corre na sua face negra de ser e estar em paz com sua consciência apesar de todos os obstáculos que a vida possa impor.

Negros, somos brasileiros que tentam a todo custo calar, mas que jamais se deixa abater pelo estalar da chibata, nem dos tiros que nos aponta para o peito cansado da labuta do dia a dia, ainda sim negros somos nós brasileiros, rompendo o silêncio das novas senzalas a que nos tentam acorrentar.

Negros, somos brasileiros, nosso grito, nossa força, esta voz a casa grande não pode mais calar.

Mauricio Claudio.

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MAURICIO C Ferreira
Enviado por MAURICIO C Ferreira em 16/03/2018
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