Fome
Cortou aquele pedaço de pão
para poder matar a fome,
que já lhe cortava a carne.
Não desperdiçou nada daquele alimento,
recolhendo cada uma das migalhas,
já que, na maioria das vezes,
até mesmo elas lhe têm faltado.
O pão nosso de cada dia
só lhe vem à boca, ultimamente,
quando reza aquela oração.
Mas, para que querer pão,
se quase não tem dentes?!
Para que os dentes
se não tem mais sorriso?!
Para que o sorriso
se não tem esperança?!
Para que a esperança,
se quase não tem vida?!
Para que a vida,
se viver é ‘morrer de fome’
aos poucos, todos os dias,
até, literalmente, morrer de fome
num dia qualquer,
num canto qualquer?!
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Texto publicado no livro “Arcos e Frestas”, página 16
Recebeu Menção Honrosa no “XIII Concurso Nacional de Poesias Marcos Andreani”, da Academia de Letras e Artes de Paranapuã-ALAP, de Tijuca-RJ.
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