Invisível
À margem do rio de piche,
Onde se quebram os sonhos,
Morre homem,
Nasce o indigente.
Que desaprendeu a sentir
Resguardado em fétido manto.
Com a mão erguida e engolido o pranto,
Passa o dia à pedir.
Na necrópole dos esquecidos
Sua voz é inaudível,
Aos valores inversos brinda o triste final,
Sozinho e tossindo se desprende do corpo carnal.
Tantos juizes, com seus martelos cruéis:
Vagabundo, bêbado e drogado.
Mas não se arriscam nem por um instante,
Um sinistro teatro de inversão de papéis.
O sem sorte, um dia já amou
Há quem diga que ama alguém.
Da familia esquecida, não se lembra mais de ninguém.
Na memória estagnada apenas o nome próprio restou.
Eles estão invisíveis.
à miopia nefasta e o glaucoma orgulhoso.
Cegos atirando moedas.
Cheias de amor próprio mas sem compaixão.
A quantia infíma rodopia no ar,
Quica três vezes e repousa no chão.
A humlhação do pedinte não é pedir,
Mas de sorrir invarialvelmente mesmo se dor.
À quem o futuro não importa,
Nem os dentes ele renegou.
A fome aperta,
O olhar desesperado busca migalhas na calçada.
A chona no céu cobrindo o luar.
E o homem se pergunta aonde é o seu lugar.